Na minha trajetória de vida acho que vivo do passado, por
isso alguns acham que sou depressivo e quem sabe tem razão. Mas continuando
minhas histórias ainda falando de rádio Jornal houve algumas passagens curiosas
e que ganhei “amigos” com um pé atrás de mim, uma vez o gerente da emissora
notou que certo comunicador havia mexido nos microfones choque (que na época
era coisa de luxo e de difícil aquisição) e trocou a sua cápsula por um
microfone de formato antigo, ao perceber me deu ordem para fazer uma vistoria
na aparelhagem e após constatar tal veracidade mandou o funcionário embora, mas
depois por pressões de um patrocinador ele retornou a emissora e está até hoje
no rádio. Outro fato que muitos sabem é que certo dia o gerente havia tomado
uns goles a mais em casa e saiu com um aparelho que colocava em risco a vida
das pessoas e sua esposa me ligou e avisou pedindo para contornar o problema,
nisso o gerente chega joga o material na mesa e diz hoje estou em ponto de
bala, se me encherem o saco vão ver. Eu imediatamente ligo para dois amigos do
tal gerente e comunico o fato e os dois gentilmente aparecem para bater um papo
com o mesmo. O gerente não entendeu nada, mas no bate papo um deles recolhe o
material e leva para sua casa e o problema foi solucionado, essa passagem é
para demonstrar que às vezes eu era o bombeiro e muitos não sabiam sós quem
sabe dessa história foram os participantes diretos e alguns profissionais do
rádio. Durante esses muitos anos de
rádio sempre tive alguns colegas que pelo que sei me elogia ou falam com
carinho sobre a minha pessoa, podendo citar alguns que tomei conhecimento:
Marcos Marinato, Shalon, Mário Heleno, Júnior do escritório da rádio e que tive
o prazer de conviver no SESI e até o Marcelo Lopes já me elogiou em seu site
uma vez, mas em sua maioria muitos falam de mim de forma ou negativa ou até
mesmo de desprezo, o que no fundo acho que é um pouco de inveja pela minha
forma franca de falar e expressar.
Mas voltando ao rádio há dois fatos interessantes que envolvem
o Décio Muniz, o mesmo uma noite na antiga rádio Leopoldina colocou um disco
para tocar em vinil e acabou dormindo na mesa, eu como estava em casa ouvindo o
estalinho do final da agulha indo e voltando resolvi dar um pulo na rádio e
chego lá o Décio dormindo e o disco rodando, ai o acordou e ele voltou a seu
trabalho normal. Outro fato havia acontecido um acidente de grandes proporções
e vários ocupantes de um ônibus morreram carbonizados e o Luiz Carlos Montenári
sempre tinha aquela opinião: “tenho que gravar no local para sentir o clima e
dar autenticidade aos fatos”, tudo bem até ai, mas resolveu ir até o local onde
os corpos estavam deixados para a perícia e entrou no local com o Décio o
levando, neste momento, o Décio sai correndo do local e deixa o Montenári
sozinho e os peritos é que tiveram que tira ló de lá. Na época o Monté se esqueceu
de que ele iria apenas sentir o cheiro dos corpos, já o Décio viu os mesmo e os
estados e entrou em pânico.
Outro fato interessante é que todos nós da rádio Jornal tínhamos
a carteirinha de radialista e nela deveria constar o fator Rh do sangue, um dia
fomos todos ao hospital tirar três gotas de sangue para analise do RH e eu
muito gozador fui falando que muitos iriam passar mal, isso as vésperas do
carnaval, lá chegando dava-se um pique em um dos dedos e colocava na lâmina
para analise, alguns fizeram e tudo bem, eu ao fazer o teste disse: ”gente
estou ficando tonto”, todos riram e acharam que era gozação, só deu tempo de eu
olhar para trás e ver uma cadeira e cai sentado nela. Fui motivo de anos e anos
de gozação dentro do hospital, pois ao fazer coberturas eles falavam esse é o
rapaz que desmaia com sangue. Depois de anos descobri que o que me fazia mal
era o cheiro de hospital, já ficava estressado e tenso, mas com o tempo passou. Hoje sinto falta da espontaneidade do amor ao
rádio do prazer de fazer rádio, não pelo dinheiro e sim pela satisfação de
estar ajudando ou sendo companheiro de alguém que está do outro lado nos
ouvindo, acho que na atualidade meu perfil não se encaixa mais no rádio que
vivi no passado e que sinto saudades.
Em outras oportunidades falarei sobre meus 11 anos de
afastamento de um serviço formal e a minha vida sem emprego, abandonado por “amigos”
e um ato de superação que hoje vejo que foi necessário por um único motivo, mas
que ficará para a próxima.
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