Você
já pensou em como é retornar a uma sala de aula após 24 anos, enfrentando os
desafios da diferença de estudos da época, da escola pública para a particular
e conviver com uma geração que poderia ser seus filhos, pois é isso foi a minha
faculdade.
Em
2011 resolvi fazer uma faculdade e fiz o vestibular e fiquei em sexto na classificação
e comecei a estudar nas Faculdades Doctum, no inicio como sempre eram vários
alunos no final foi afunilando e poucos terminaram. Mas neste período tive
professores com menos idade que eu, tive colegas de infância que foram meus
professores e até ex-patrões. Foram quatro anos de sacrifício, pois quando
comuniquei aos meus superiores a minha intenção de fazer faculdade à resposta
que ouvi foi a seguinte: ”Terá que fazer algum bico para pagar” e outro “Não
sei para que?”, mas um dos fatores motivacionais foi o meu gerente regional do SESI
na época o Bara Miguel que sempre disse estude, melhore, cresça e quem sabe no
futuro terá outras chances. Eu tinha a prática e faltava a teoria.
No
inicio demorei um pouco para me adaptar, mas no primeiro período um colega na
hora da seleção de representante de turma me pediu que se eu fosse indicado não
aceitasse, pois ele tinha o sonho de ser representante de turma e assim o fiz,
sendo que me colocaram como vice. Em todas as reuniões com o nosso excelente
coordenador Sandro Foi o representante faltava e eu ia, e o Sandro com sua
experiência me dizia “você será o representante, pois esse aluno irá desistir
do curso” e não deu outra, assim aconteceu.
Como
representante sempre procurei conversar com os colegas na hora de resolver as
coisas, nunca dei minha opinião sem ouvi lós antes. No segundo período tivemos
problemas com um dos professores e recorri ao Sandro e resolvemos não criar
tumulto e levar a situação numa boa, em outros períodos tivemos problemas com
outros professores que os alunos tinham dificuldades de aprender, como
estatística, fez uma reunião eu, uma aluna, o coordenador e o professor para
tentarmos amenizar, eu tirei do you toque matérias e gravei em cd e passei para
os alunos para ajudar e no final quase todo passaram nesta matéria.
Há
pouco tempo uma colega de trabalho me perguntou “Marcus você não foi motivo de
chacota de alguns colegas, de discriminação por causa da sua diferença de idade”,
ai pensou e respondeu que na maioria não, é claro que havia alunos que em não
tinha tanto contato e houve alguns momentos críticos quando o professor Sandro
fazia alguns debates sobre a função de alguns setores inclusive associações e
eu dava minha opinião e o meu vice-presidente tomava conhecimento e me chamava à
atenção sobre as minhas opiniões em sala que entravam em choque com o meu
serviço e para evitar problemas tive que conversar com o professor e falar que
não poderia participar de alguns debates para não sofrer punição no serviço.
Outro colega sempre me gozou na sala de aula, remendando minha risada, jogando
piadinhas de mau gosto, mas isso é coisa de filhos de papaizinho e no final do
curso ele estava tão queimado com todos que um dos poucos que lhe dava atenção
era eu. Na faculdade como representante
tive uma briga feia com o diretor, a gerente e a coordenadora e fiz reclamação
como eu disse na época em todo o chiqueiro, pois a Doctum é da família Leitão e
foi preciso vir uma diretora da regional de Juiz de Fora para conversar comigo
e consegui 20% de desconto para todos os alunos que não tinham desconto até o final
do curso. Com a coordenadora tive atritos, mas sempre a respeitei dentro de
sala de aula, tínhamos opiniões diferentes e acho até que muitas vezes ela
interpretava errado o que falávamos e por insegurança sentia-se ameaçada por
nós. Após minha briga com a diretoria da doctum resolvi largar a representação
da turma para evitar algum transtorno com a faculdade.
Hoje
já se passou dois anos do fim do curso e um ano da formatura, realmente o que
digo amigos de escola, de trabalho, de bares são passageiros e poucos eu tenho
contato, mas fiz alguns que por certo serão sempre lembrados, pois vira e mexe
estamos trocando zap, encontrando na rua ou nos esbarrando pela vida. A
Faculdade realmente foi uma conquista pessoal, mesmo que do lado profissional
não representou nada para o meu trabalho, ainda brinco pelo menos se for preso
posso ter cela especial por curso superior. Mas aprendi na teoria o que fazia
na prática e aliado aos conhecimentos adquiridos nos 10 anos do SESI nos cursos
e treinamentos que participei foi muito bom para mim.
Guardo
esses quatro anos como um rejuvenescimento, pois acho que passei experiência
para alguns e aprendi a conviver com a nova geração, a mesma que convivia na
época do SESI na escola de esportes. Os
professores deixaram suas marcas e a todos só tenho a agradecer e passado esses
anos não guardei mágoa de ninguém e nem ressentimentos dessa época, só mesmo a
alegria de ter aprendido algo e conquistado um 100 na monografia e um diploma
que me qualificou como administrador.
Não
vou citar nomes, mas muitos dos colegas estarão sempre no meu coração, na minha
lembrança e na minha saudade.
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