Hoje retorno contando um pouco mais da minha história e falo
do grupo aonde existia na época a ditadura militar, mas também existia uma
visão de moral e cívica da qual acho que hoje esta faltando aos mais jovens.
Mas vamos lá, a minha família por parte de mãe sempre foi espírita, sou neto da
ANITA BORELA que tem creches, centros espíritas e outras entidades em sua
homenagem e dizem que foi uma pessoa diferente, que na sua época ela era
utilizada para localizar pessoas desaparecidas, para acalmar pessoas que tinham
problemas emocionais e até mesmo dizem os mais antigos que quando estava
grávida de minha mãe ela andou sobre o rio pomba para salvar um dos filhos que
estava afogando, mesmo sem saber nadar. Por essa questão ao ser criado pelos
tios de meus pais, que eram católicos, ia à missa todos os domingos e
participava de encontro de jovens e até de teatros e apresentações no salão dom
Bosco, lembro que uma vez fiz mímica da música não se vá de Jane e Erondi. Mas
no grupo mais ou menos na terceira série era realizada a primeira comunhão e
para que eu fizesse fui batizado, e depois disso poucas vezes voltei à igreja,
fui me afastando aos poucos. Lembro-me que no dia da minha primeira confissão
me colocaram, como todos os alunos, um a um, na sala para confessar com monsenhor
Chamel e nós na realidade nem sabíamos o que era pecado direito, fiz minha
primeira comunhão e me tornei oficialmente católico.
Primeira Comunhão |
A partir do terceiro ano
de grupo comecei a frequentar a Praça de Esportes do Ginásio, pois meu tio
Paulo Lisboa trabalhava no Ginásio e poderia indicar alguém para frequentar de
graça o mesmo, então durante todo o ano eu ficava junto ao professor Getulio
Subirá e nas férias com o professor Gilberto. Naquela época convivi com várias
pessoas da minha faixa etária e os mais antigos também, formávamos uma equipe,
lá aprendemos o que era equipe, pois dividíamos os trabalhos para ajudar o
velho Zé na limpeza da piscina e para fazer a piscina funcionar para angariar
fundos para manter-la durante o ano seguinte. Nesta época paralelamente eu
ajudava ao Nestorzinho Explosivo na papelaria MEC FAE, onde existiam na época
posso lembrar a papelaria Real (a rica que tinha brinquedos e materiais de
papelaria) e a Papelaria Araújo (do Lolinho se não me engano). Com Nestorzinho
aprendi a mexer com dinheiro, pois era o caixa da mesma, mesmo sendo novo, pois
ele confiava em mim e eu sempre seguia as orientações e os pensamentos do meu
avô Chiquinho “o homem tem que ser honesto e correto, a única coisa que o homem
tem é a sua palavra e seu nome”, apesar de ser um senhor e ser filho de
professor ele somente tinha o primário e pelas condições financeiras não pode
estudar e se tornou lustrador (lustrava os pianos com verniz), depois torneiro
fazendo trabalhados de madeira, já a Carmosa era uma doceira de mão cheia havia
herdado da mãe essa profissão. Na praça
de esportes vivi vários momentos felizes e sempre por ser franco uma vez chamei
um dos alunos e disse a ele “não vem aqui mais não, ninguém gosta de você e
estão te suportando”, pois ninguém tinha coragem de falar, o professor Getulio até
me chamou a atenção e disse: você não deve ser direto, mas eu respondi, é
melhor ele ficar sabendo do que vir até aqui e ficar fazendo papel de bobo e
todos o ignorando. Anos depois voltei a conviver com ele no SESI e a primeira
vez que me viu me disse: “Não gosto de você”, mas no final nos tornamos amigos
e isso é outra história. Aos 14 anos conhecia já o Julio César o Imperador do
Rádio como é conhecido e ele trabalhava no Galeno Moraes e começou a sua
carreira na Rádio Leopoldina, acho que ele é um ano mais velho que eu, um dia
me chamou para ir até a rádio conhecer e fui. Neste tempo o Arnaldo Spindola
que era seu amigo trabalhava lá como operador e Julio como locutor. Conheci o
então Francisco Monteiro, que decepção, não pela pessoa, mas pela imagem que eu
fazia dele pelo rádio, pois tinha uma voz bonita era simpático e imaginei um
homem bonitão, quando o vi pela primeira vez me veio à imagem de um caroço de
manga, kkkk, mas com ele aprendi muito. Como já conhecia o Luiz Carlos
Montenári pela cobertura das enchentes que ocorreram na cidade naqueles anos
onde acho que cinco pessoas morreram, conheci-o pessoalmente. O Chico Monteiro
sempre queria inovar, num período ele me colocou no estúdio de gravação e falou
fala algo ai e gostou da minha voz e fez-me ser o locutor das vinhetas da rádio
na época, gravei várias. Minha estreia no rádio foi como operador de rádio,
dando férias ao Arnaldo que trabalhava a noite, lembra-me que estreei a noite e
no dia seguinte também teve a estreia do Edgar Vieira com o programa sertanejo,
e naquela noite houve um roubo na emissora de um rádio gravador desses modernos
grandes que poucos tinham e eu e Edgar fomos interrogados, pois justamente na
nossa estreia some o rádio, antes já participava como locutor no Programa do
Luiz Carlos Montenari, o DOMINGO ALEGRE, com o quadro as fofocas do papão,
vinheta essa gravada pelo locutor da Rádio Globo, através do nosso amigo
Tutuca. Um tempo depois, lembro que o Francisco Monteiro, me deu um programa de
rádio de duas horas e coincidiu que uma semana após minha estreia era a
exposição e eu tive o prazer de entrevistar o Jerry Adriani que era um estouro
na época e abriria a exposição de 48 anos, estava tão nervoso que ele que me
entrevistou, brincando que quem iria encerrar a exposição era os aboboras
selvagens e kid abelha, sendo que na época o nome era kid abelha e os aboboras
selvagens. Naquele ano apresentei a exposição com Francisco Monteiro, Berto
Oliveira e outros, a exposição era gratuita e era lotada. Um adentro se começar
a falar de rádio ai tem muitas histórias, mas volto ao meu período de criança,
lembro pouco da minha infância junto aos meus irmãos, que na realidade não
entendiam que irmão era esse que vinha pouco em casa e morava com outras
pessoas, lembro-me de um circo que eu e meu irmão mais velho Junior fizemos com
palitos e bandeirinhas de papel cortadas pela Carmosa no quintal da nossa casa
em Astolfo Dutra, uma casa que tinha quatro cômodos, para sete pessoas, pai,
mãe e meus cinco irmãos e quando eu ia com a Carmosa era para nove. A Carmosa
ficava na cama de armar de ferro, aquelas que quando balança faz o maior
barulho, eu por ser visitante dormia no berço e o resto se ajeitava na cama de
casal. Anos difícil outra lembrança que tenho é quando subi no morro para
brincar com os amigos de meus irmãos e como era cagão (tinha medo de altura)
não consegui descer e meu pai teve que me tirar. Para matar a curiosidade como
surgiu o apelido papão que todos me conhecem até hoje, segundo meus pais quando
nasci tinha o olho puxado e me chamavam de Japão, mas o meu irmão um ano mais
velho, Junior, não conseguia falar Japão e falava papão ai pegou. Outra passagem que me lembro de foi quando
chequei mais ou menos uma meia noite em casa e meus irmãos haviam ganhado uma
televisão e estavam todos na sala assistindo os chuviscos da TV, ai expliquei
que a mesma só retornaria pela manha, pois na casa da Carmosa já havia
televisão. Naquela época todos nós éramos inocentes e com as dificuldades não tínhamos
muitas coisas materiais. Lembro que meu pai tinha problemas de bebida, mas era
um homem bom, nunca soube que bateu em algum filho ou agrediu minha mãe, pelo
contrário quando estava de fogo se tornava mais carinhoso, um natal levou todos
os filhos para irem a COMETA a loja chique de Astolfo Dutra na época para
comprarmos os presentes para nós. Meus irmãos escolheram carrinhos bate e
volta, a minha irmã a Suzi, acho que até que andava de bicicleta a pilha e não
me lembro de outros brinquedos, eu por saber da dificuldade escolhi o pula
pirata, um brinquedo mais barato e bobo, mas que me satisfazia. Lembro-me de
outro ano escolhi uma caixa com jogos de dama e outros de tabuleiro. Meu contato
com os irmãos eram nas férias ou em algum dia especial, minha infância vivi
muito tempo indo para Ouro Preto, pois a Carmosa cuidava dos filhos de seu
irmão Moacir e tia Aracy que tinha uma filha com problemas de rins e lembro que
morei lá por mais ou menos nove meses e que todos os carnavais e semana santa
passava lá com a família do tio Moacir. Saia
na charanga do Carlota, que era um bloco que meu primo tinha e era bem
conhecido de todos, depois de mais velho não voltei mais a Ouro Preto, a gente
cresce e a vida fica mais difícil. Para quem olhava de fora parecia que a
Carmosa e Chiquinho tinham uma boa condição de vida, mas lembro-me quantas
noites ela passava acordada para fazer os doces e manter a casa, se aposentou
graças a duas pessoas Moacir e Maria Emília, sua sobrinha que pagavam o seu
INSS. Na minha face do Ginásio lembro
que reformamos as cadeiras e carteiras, a escola deu a lixa e o verniz e nós
lixamos e pintamos, dávamos valor às coisas e sabíamos das dificuldades, os
livros eram comprados e mesmo em escolas públicas muitos tínhamos que comprar
livros de segunda mão, pois era mais barato. Lembro-me de alguns colegas
Aroldo, Ângelo, Danilo, Julio César, Aires, Vânia, Kátia Guida, Kátia Resende,
Claudia Rego e muitos outros, não vou lembrar-me de todos é claro faz anos isso
e nunca mais nos encontramos a não ser esporadicamente. Lembro-me de fatos como a briga entre dois
alunos e um mordeu e tirou um pedaço da orelha do outro e ficou com o apelido
de Canibal, de uma vez o aluno jogar um ovo choco pela janela da sala e todos
tivemos que sair por causa do cheiro, mas as brigas eram passageiras. Mas tive
excelentes professores vou citar alguns que me recordo: Terezinha Meneghite,
Terezinha Machado, Cidinha Machado, Bertok, Sueli, Maria Aparecida, Emereciana,
Hudson, Chiquinho, Fernando e muitos outros.
Fatos interessantes aconteceram uma vez dona Emereciana fazia a chamada
e não levantava os olhos, quando o último respondeu ela olhou e não havia mais
nenhum aluno na sala exceto o último, respondíamos e saiamos da sala. Tive o
prazer de estudar com o filho do diretor Marcelo Barroso, o Henrique, um dia
ele tava colando e eu sentava perto dele, o professor para não dar zero a ele,
deu para mim. Tinha um professor que era o terror, de biologia, Márcio Brugue,
que nunca chegava à primeira aula e quando dava zero por alguém colar, dava em
todos.
Acho que já falei demais volto depois... Recordar é viver,
alguns dizem que viver o passado é depressão, eu acho que é não deixar as
coisas caírem no esquecimento e cada capitulo que escreverei poderei voltar a fatos antigos que veem a memória...
Obs. O blog é para me expressar por isso resolvi contar um pouco da minha história e quem sabe enterrar o passado e viver o futuro.
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