quinta-feira, 28 de abril de 2016

Estou de volta .... e revelações sobre os bastidores do rádio,,, parte 3

E vamos a mais um pedaço do desabafo e essa é sua vida. Sabe que estou escrevendo visando mais expor e colocar minhas mágoas para fora e enterrar o passado, pois fico guardando coisas que às vezes marcam e deixam cicatrizes e acho que assim estarei cicatrizando.
Na minha infância nunca foi tudo glórias, alegrias, há coisas que prefiro não relatar, pois não são positivas e só eu guardo em meu intimo e não acho necessário expor por aqui, são mais confidenciais. Mas algumas vezes já coloquei aqui que sou doido para andar a cavalo, pois na minha infância acho que andei por duas vezes apenas e sem sela, quando a gente é criança temos a imaginação fértil, na minha época havia os filmes de faroeste, hoje os jovens nem sabem o que é isso, tinha rin tin tin, soldados americanos contra os índios, os brinquedos chiques da época era o forte apache e eu tive um. Meu sonho era quando crescer me tornar índio, pois nos filmes os índios sempre eram derrotados pelos americanos e eu não aceitava isso. Já me fantasiei de Índio no salão da Associação Comercial quando lá aconteciam os bailes de carnaval no último andar e além dessa fantasia sempre quis me fantasiar de palhaço, apesar de eu não ter a menor graça e outro desejo de criança era ter um elefante e perguntavam aonde iria coloca ló, eu dizia debaixo da cama. Criança tem imaginação fértil mesmo e eu por ser criado sozinho criava o meu mundo nas brincadeiras dentro do meu quarto. Lembro-me vagamente que fui algumas vezes ao Rio de Janeiro na casa de meus tios Beto e Elzinha, que eu e sua filha mais velha Márcia na época tínhamos ciúmes um do outro e até uma vassourada ela me deu certa vez, mas depois nos tornamos amigos e de vez enquanto até confidentes e nossa amizade perdura até hoje apesar da distância.
Mas voltando a alguns fatos vou falar um pouco da minha grande paixão que é o rádio, pois foi o meu primeiro emprego com carteira assinada e como disse a um amigo, lá para mim não era serviço era diversão, pois ouvia as pessoas, compartilhava ideias e expunha meus sentimentos e ouvia os sentimentos dos outros. Quando comecei como falei foi no programa do Montenari com as fofocas do papão. Na época não havia programas de TV como hoje, o que sabíamos da TV era através dos encartes dos jornais de domingo e da revista amiga. Durante minha passagem pela rádio já fiz vários programas de 12 as 14, de 8 as 12, de 20h30min até uma hora da manha, já fiz jornalismo, brincadeiras e programa de variedades. Apresentei a exposição de 48, 49 e 50 anos, ao lado dos companheiros já mencionados em matéria anterior e do Cláudio Ferreira, que hoje trabalha no rio, mas já esteve na Rádio Tupi e em outras emissoras e que na época achava que eu era bom de improviso, me saia bem.  No rádio antigo já falei aqui quando comecei foi no prédio onde hoje funciona o sindicato rural, lá eram discos de vinil e quando passava um caminhão mais pesado na  rua presidente Carlos Luz tinha que segurar o pick-up para não pular a faixa.
Outro fato interessante, um dia o Chico apresentava um programa e um fio se separou, ficou debaixo da mesa o programa todo segurando a emenda do fio para poder a rádio não sair do ar. Quando colocamos o primeiro transmissor de mil watts era no arranca toco e lá só era barro se chovesse e tivéssemos que ir lá tínhamos que atolar o pé no barro.  Nesta época tínhamos muita audiência sim, a rádio era respeitada, participava de todos os eventos da cidade, infelizmente com a compra da Rádio Cataguases, lá passou a ser a matriz e apesar de sermos a emissora que mais faturava era a que menos tinha investimento e reconhecimento. Lembro-me do dia que inauguramos novo estúdio no Celcar, aonde funciona a rádio até hoje, só que em sala diferente, fui o primeiro a fazer a transmissão de lá.  Naquela época o que valia era o amor ao rádio e tínhamos o prazer de superar as dificuldades, lembro que fizemos o A caminho da Luz, um programa na virada do ano que o Luiz Carlos Montenari criou para passar a noite com os ouvintes e distribuindo prêmios e os ouvintes falando ao vivo por telefone, lembro-me do Resumo Geral, um programa policial que ia ao ar às 18 horas e que nós íamos até a delegacia gravar a ocorrência policial, também comandado pelo Montenári e por nós companheiros, Berto, eu e outros, uma vez foi divulgado o assalto ao motel e nomes de pessoas influentes saíram no ar, só os que registraram a ocorrência e o Montenári ficou punido, numa cidade puritana, de falsos moralistas, o advogado fez um acorde o monte não podia fazer programas ao vivo, além de tirar o resumo geral do ar, o seu domingo alegre era gravado de meia noite até as quatro ou cinco horas para ser levado ao ar de meio dia a 17 horas do domingo, pois tínhamos que evitar que ele falasse algo que não estava no acordo. Por isso o Monté sempre diz e repito a lei em Leopoldina é diferente e o falso moralismo maior ainda. Recordo que quando fiz o programa à outra face da moeda, um programa que reuniu delegados, presidente de associação, prefeito e muitas autoridades tratando do assunto da violência na cidade e outros fatos, pois haviam colocado fogo no caminhão do bibinha na rua sete de setembro, Cataguases mandou uma pessoa para me acompanhar com medo de eu não dar conta do programa, daí surgiu o programa de entrevista do Zé Américo, feito naqueles moldes. Quando fazia o programa de 8 as 11.30 e depois vinha o programa do Zé Américo de 15 minutos e logo depois o Jornal Integração, descobri o Marcos Marinato na Rádio 104 e o convidei para vir para comandar o meu horário de 8 as 11.30 e criei um programa à noite, pois além de fazer programa cuidava do escritório da rádio e era subgerente.
Falando em 104 quando ela inaugurou trouxe um locutor de Valadares e para competir com ele criei um programa de brincadeiras no mesmo horário aonde os ouvintes teriam que participar de provas como acertar o nome da musica, qual era a musica de frente para trás, fofocas da televisão e muito mais e poderiam ganhar prêmios bons e até caixa de fósforos com os palitos queimados, uma barata ou algo parecido, com quatro programas derrubou o tal locutor e ele desistiu da concorrência. Há fatos interessantes como numa eleição o Júlio César assumiu a rádio 104 e fomos fazer cobertura às duas emissoras, como nossa equipe tinha mais experiência: eu, Lalinho, Arnaldo e Jairo Fernandes não me recordo se tinha mais alguém, estávamos dando um banho na 104, na época no estúdio havia uma caixa de som interna que ficava ligada para quando chamássemos e o Zé Américo nos colocava no ar. Chegou uma hora que nós chamávamos e não era respondido, achamos que havia dado defeito na aparelhagem, o Zé Américo só colocava noticias da TV e nós lá chamando. O Sandro que era o operador da hora, ao sair me procurou na quadra do clube Leopoldina aonde acontecia à apuração e me falou: “Marcus o Zé Américo ta fingindo que não esta ouvindo porque ele quer que o Júlio se sobressaia na 104 e passe na frente de vocês, lembrete o Zé além de padrinho de casamento do Júlio era seu fã”. Agradeci e como eu era o subgerente chamei todos e falei, agora vamos inverter o caso se o Zé Américo chamar a gente nós não respondemos e assim fizemos. Passado meia hora dele chamando ele chega à quadra do clube Leopoldina joga a chave no chão e gritou, vocês estão me fazendo de bobo, na frente de todo mundo. Eu simplesmente respondi: os meninos não tem culpa eu dei a ordem, viu como é ruim a gente ficar chamando os outros e a pessoa fingir que não está ouvindo, eu paguei na mesma moeda. Nisso encerramos a transmissão e fomos para a rádio fazer uma reunião com todos, lá esclareci os fatos e no outro dia trabalhamos normalmente. Não me recordo muito de ter ido à casa do José Américo, mas vi que já fui fazer churrasco lá numa foto do jornal leopoldinense, naquela época não me ligava em guardar recordações, não pensava em registros fotográficos, sonoros para o futuro.
Uma vez o José Américo saiu de férias e havia a campanha eleitoral a favor do Márcio Freire, ao qual o Zé Américo apoiava e chegou a ser seu assessor de imprensa, como todos os anos a gente fazia a transmissão de sete se setembro, arrumei os patrocinadores, gravei a vinheta e anunciei a transmissão, no dia 7 de setembro o Zé Américo simplesmente proibiu a transmissão, pois não queria valorizar o time do seu liliu e os adversários do Márcio, na hora da transmissão eu entrei no ar e disse: “Infelizmente nós anunciamos a transmissão, mas por determinação do nosso gerente Zé Américo a mesma não acontecerá, desculpe ouvintes”. O mesmo estava defronte a papelaria Araújo e ouviu e subiu igual um touro e foi brigar comigo, ai eu falei apenas com ele: “Eu menti” ele se calou e ficou emburrado um bom tempo.
Há fatos que vou contar e não colocarei alguns nomes, mas quem é de rádio saberá de quem to falando, mas é em respeito e para evitar constrangimentos com algumas pessoas, mas lembro que fiquei na emissora por 10 anos e tive vários diretores tanto na Gazeta, quanto na Rádio e os fatos não estão cronologicamente em sequência correta, podem ter um acontecido antes do outro, pois não estou preocupado com a data, mas com a minha história.
Uma vez eu retornava de Juiz de Fora, onde era feito o Jornal e houve uma barreira policial no Posto da Policia Federal de Leopoldina com policiais da Civil, o motorista soava como um louco e eu não entendia nada naquele momento, ai um policial conhecido mandou que passassemos e não fez a vistoria como nos demais carros, depois fiquei sabendo que o mesmo além do jornal transportava produtos ilegais no porta malas e se fosse pego eu e ele estariamos encrencados, pois a droga de quem seria?
Nos bastidores aconteceram coisas que eu nunca concordei, os candidatos tinham que entregar a emissora as suas gravações a noite para passar pela manha, em uma campanha um candidato ia para a rádio de madrugada e ouvia o que o adversário iria falar inclusive contra ele e gravava o programa abordando o assunto criticado e de maneira simpática respondia o concorrente, nunca ninguém entendeu como isso acontecia, mas era feito nos estúdios da rádio com a participação do do gerente, candidato e um operador de som que ajudava, eu me recusei a fazer isso por não achar o correto. Resultado depois o candidato ganhou e o operador recebeu um cargo e por isso quando eu cuidava de campanha políticas eu só entregava a fita na hora do programa, pois sabia da tramoia. Há pessoas vivas que podem confirmar essa história, se bem que muitos se calaram
Vou contar agora o caso do Jorge Antonio que era o narrador esportivo e tinha um programa de rádio de 20h30min às 21h00min horas eu acho que se chamava na marca do pênalti e as sábados ao meio dia, não sei por que o gerente cismou de manda ló embora, mas tinha muita amizade e não queria se indispor, ai traçou uma estratégia. Saiu de férias e mandou que eu fizessmecRade chamasse a sua atenção por alguma coisa e diminuísse o seu programa alguns minutos, como o gerente sabia que ele não iria aceitar e iria falar que não aceitava ordens de um moleque, afinal eu tinha meus 20 poucos anos, eu teria que puni-lo e se não cumprisse mandasse ele embora. Dito e feito, o plano foi executado, o Jorge Antonio virou meu inimigo e disse justamente isso “Não aceito ordens de um moleque e não aceito”, ai foi demitido.
Antes de encerrar esse capitulo vou contar o que aconteceu com o Montenári, a mesma estratégia foi montada para mandar ele embora. O gerente convocou uma reunião e me deu ordens, nesse ele estava presente, e mandou que eu desse um esculacho no Monté, falando sobre seus atrasos, de alguns comentários no ar, enfim colocando o Monté para baixo e ao me responder seria demitido. Mas antes da reunião acontecer eu fui a minha sala liguei para o Montenári e falei: “Monté tudo que eu disser com você concorda depois te explico e desliguei”, na hora da reunião eu coloquei o Montenári lá embaixo na frente de todos os funcionários e o Montenári só respondia: “sim senhor, você esta certo”. Resultado o gerente não entendeu nada e o Montenari ficou no rádio até hoje.
Lembro de um fato que acho que poderia ter mudado minha vida. Fui o primeiro radialista a entrevistar o então candidato Lael Varela. Numa noite em Itamarati de Minas, como ele estava começando não tinha muita experiência e tive a maior paciência e o Lael virou e me disse: se eu for eleito te coloco para ser jornalista, pago sua faculdade, passou e quando Lael abriu a Rádio dele em Muriaé-MG ele mandou me chamar para ir para lá na inauguração,  mas o gerente mandou outros, depois de anos o gerente geral do Sistema Multisom, Gerci me perguntou: por que quando o Lael pediu que você fossevpara muriae e você não foi. Respondi: Nunca soube disso, quer dizer Lael cumpriu o que havia prometido só não se lembrava do nome e eu que passei como quem não aceitou e ficou provado que o gerente local da época nunca pensou em mim, mas me utilizava pois sabia que resolvia o problema o velho ditado: bom e barato como em alguns empregos que tive..
Depois conto mais coisas do rádio... e de minhas lembranças há muito ainda a ser revelado e as pessoas citadas algumas estão vivas e podem confirmar ou não depende do caráter de cada um, mas quando falo assumo e não tento prejudicar ninguém, é uma bibiografia minha com fatos que vivi ta na moda...

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