domingo, 9 de outubro de 2011

Há poucos dias comentei com amigos da faculdade sobre Leopoldina e seus escravos.

A dias estava conversando com colegas de turma na faculdade, jovens de 18 anos em diante e mencionei que Leopoldina carrega a triste história de ser uma das últimas a libertar seus escravos e ainda tem a história de um bispo que teria jogado braga na cidade e o número 666 da besta. Isso tudo dá a argumentação por isso não vamos para frente e ficamos agarrados no passado e não projetamos o futuro. Hoje achei um texto da Nilza Cantoni que focaliza o assunto escravidão:

"Leopoldina teve muitos escravos, que trabalhavam nas lavouras de café. Em 1872, a população do nosso município era de 41.886 habitantes, dos quais 15.253 eram escravos e 26.633 livres. Os municípios que possuíam mais escravos eram Juiz de Fora e Leopoldina. Em 1883, Leopoldina já era a segunda cidade com maior número de escravos de Minas Gerais, com 16.001.
Em 1876 nossa cidade possuía 15.253 escravos, passando para 16.001 em 1883. O aumento do número de escravos mostra o tamanho da riqueza produzida pelo café no município, pois o escravo era uma mão-de-obra muito cara. Por essa razão, os nossos senhores de escravos lutaram contra a sua libertação.
Quando não trabalhavam direito, podiam ser castigados de forma cruel, com chicotadas e surras. Muitos de nossos fazendeiros lutaram contra o fim da escravidão, através de nossos representantes políticos na Corte.
Mas nem todos os donos de escravos eram cruéis e nem todos os leopoldinenses defendiam a escravidão. A historiadora Nilza Cantoni nos conta que em Leopoldina havia pessoas que eram contra a escravidão. Um desses casos foi o do José Jeronymo de Mesquita, o Barão do Bonfim, proprietário da Fazenda do Paraíso que, em 15 de abril de 1888, alforriou 182 escravos e os levou para a cidade onde assistiram juntos a uma missa, como homens livres.
Segundo sua biografia, o Barão do Bonfim teria recebido a fazenda Paraíso como presente de casamento de seu avô. A fazenda de café possuía 300 escravos, que eram bem tratados e cujos filhos, inclusive, recebiam aulas. Ele chegou a construir uma sala de música para os escravos aprenderem a tocar instrumentos musicais.
Um dos grandes abolicionistas brasileiros, que morou e trabalhou em Leopoldina, foi o Dr. Antônio Augusto de Lima (1859-1934), jornalista, poeta, magistrado, jurista, professor e político. Nasceu em Congonhas de Sabará (hoje Nova Lima), MG. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, em 5 de fevereiro de 1903. Foi nomeado promotor do Termo de Leopoldina, e, em 1885, era juiz municipal. Chegou a ser governador de Minas Gerais, em 1895 (na época título de governador correspondia a “presidente do Estado”)."

Mas no meu ponto de vista o passado pode até explicar alguns fatos, mas o futuro depende de todos nós, da nova geração que tem que acabar com a concentração e perpetuação do poder e dos mandatários da cidade tanto na área política e em outras. A nova geração se quiser que Leopoldina resurja das cinzas tem que começar a colocar a cara na reta e quebrar paradígmas. Reconheço que alguns que tem uma posição financeira, política boa não quer a mudança pois estão na vantagem, mas até quando? Afinal Muriaé, Cataguases, Ubá e outras estão anos na nossa frente e a gente fica só recebendo migalhas e o pior é que comemoram os restos que nos mandam. Issa é a triste Leopoldina. Aqui quando vem alguma empresa para a cidade, na sua maioria é por causa do baixo salário, para levar vantagens. Afinal isso não é uma escravidão disfarçada. Quando Leopoldina verá que se valorizar seus empregados, seus colaboradores estará melhorando a sua produtividade. É claro que há excessões e há também aqueles que não querem serviço, querem apenas emprego.

Um comentário:

  1. Oi Marcus: talvez vc tenha acessado a versão anterior de meu artigo. Convido-o a ler o atual neste endereço: http://cantoni.pro.br/historia/abolies.html

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