Esse blog foi criado quando um tinha um
programa de rádio nas manhas de domingo e os mais íntimos sabem que eu não
ganhava nada com esse programa, apenas conseguia os patrocinadores para
cobrirem os custos para pagar a rádio, pois rádio estava vinculado em minha
vida e lá eu me soltava, descontraía e passava mensagem e recebia pensamentos
positivos dos ouvintes. Pois para quem não sabe comecei no rádio aos 14 anos e
muitas vezes pessoas deficientes físicas (em cadeira de rodas) me ligavam para
dizer que estavam felizes por minha causa, quantas vezes ao ouvir uma mensagem
minha me ligavam e diziam estava em ponto de cometer um suicídio e você me
ergueu. Isso para mim era o maior presente.
Como todos sabem eu vim para Leopoldina
quando tinha um ano e após os três anos passei a ser criado pelo casal
Francisco Resende (um lustrador ou marceneiro como diziam) e a Carmosa (Doceira
de mão cheia), meus pais viveram um tempo aqui em Leopoldina e depois mudaram
para Astolfo Dutra. No passado a vida não era fácil como hoje, tudo era
difícil, minha família em Astolfo Dutra eu os via em alguns períodos de férias,
e engraçado, pela falta de convivência quando eu e meus irmãos brigávamos os
dois lados diziam: vou contar pro meu pai. A vida de minha família não foi
fácil, meus irmãos passaram muito aberto, dificuldades financeiras, pois meu
pai apesar de ter um coração enorme tinha a bebida como companheira e isso o
faziam ser um pai irresponsável, mas que nunca judiou dos seus filhos. Eu por
outro lado fui criado com mais carinho e até mais mordomia, pois o casal não
tinha filhos e me paparicava. Lembro-me do meu primeiro dia de aula no Botelho
Reis, subi as escadas, onde ficava a imagem de nossa senhora assoviando e tomei
um beliscão que ficou o braço roxo por mais de três dias e com isso nunca mais
aprendi a assoviar. Lá estudei por anos com as professoras Lúcia, Dermy,
Terezinha, Vanda e Nilma. Nesse meio tempo por saber bem matemática ajudava ao
Nestorzinho em sua papelaria, sendo geralmente caixa dele e cuidando do
dinheiro da mesma e desde o meu terceiro ano de grupo comecei a frequentar a
praça de esportes no verão com o Professor Getúlio Subirá a tarde e o Professor
Gilberto pela manha e isso foi dos meus 8 até os 18 anos diretos, só diminui um
pouco o ritmo de ajudar na praça de esportes por que comecei a trabalhar aos 14
anos, na praça de esportes a piscina funcionava para que pudéssemos ter
dinheiro durante o ano para comprar as bolas, o material de piscina e manter a
mesma funcionando, não havia a facilidade que hoje os jovens têm. Lembro um ano
que nós alunos do ginásio reformamos as carteiras, o diretor deu a lixa e o
verniz e nos lixamos as cadeiras e carteiras e passamos vernizes. Minha geração
tinha brigas corriqueiras de alunos, lembro-me do Haroldo (há anos que não o
vejo) que um dia jogou ovo choco dentro de sala, lembro quando o Julio mordeu a
orelha do Danilo e a professora o chamou de canibal e o apelido pegou durante
um tempo. Foi uma infância e juventude que éramos felizes apesar de não termos
os recursos tecnológicos dos dias atuais, na minha rua brincávamos de pique, de
Bang-Bang, enfim de brincadeiras de rua, bola nunca fui chegado, sou um perna
de pau. Aos 14 anos fui contratado pela rádio jornal para ser operador de som e
depois de um tempo fui locutor e fiquei anos nela, nesse período era onde
funciona hoje o sindicato rural e lá passamos grandes momentos: o Chico
Monteiro que via disco voador, os picapes que tremiam o transmissor no alto do
arranca toco que não tinha casas e era barro, lembro-me de quando um tênis meu
ficou a sola enterrada na lama. Usávamos a conga ou o kichute, aprendi muito
sobre como lidar com as pessoas com o Getulio, Gilberto, Nestorzinho e outros.
Como fui criado pelo Chiquinho ele sempre
falava: homem tem que ter palavra é a única coisa que não podemos perder a
credibilidade. A Carmosa lutava para manter a casa com seus doces e tinha a
ajuda para se aposentar do seu irmão Moacir de Ouro Preto e de sua sobrinha
Maria Emilia do Rio de Janeiro. Os anos passaram trabalhei na Rádio Leopoldina,
na Rádio Jornal que trocou o nome e depois Gazeta de Leopoldina e depois
retornei a Rádio Jornal, trabalhei com José Américo, aprendi muito com ele, mas
como já mencionei tinha um temperamento difícil e várias vezes tivemos nossas
desavenças de opinião, mas mesmo após estarmos fora do rádio ele sempre me
elogiava e quando assumi o SESI ele falou esse menino vai consertar o mesmo,
mas antes de ir para o SESI, trabalhei na Rádio Cidade 104 e criei a TV Cidade
lá foi apenas 6 meses não aguentei a pressão política e o ponto máximo foi
quando o prefeito Márcio Freire estava no poder e o então candidato a prefeito
José Roberto iria concorrer à eleição e o Sérgio Naya, uma pessoa que não posso
reclamar sempre me tratou muito bem, cumpria o que combinava comigo, gritou uma
vez comigo e depois me ligou pedindo desculpas, mas nesta época ele me ligou e
disse: Marcus coloque todos os problemas da cidade na TV, quero que você detone
o Márcio para erguermos o José Roberto ao qual ele estava apoiando. Naquele
momento eu que já estava cansado de tanta fofoca de certos puxas sacos com ele,
desci da Rua João Gualberto e procurei o Prefeito Márcio Freire em sua sala e
informei à ordem que havia recebido e que não iria cumprir, pois não achava o
certo e neste momento o telefone toca e era Sérgio Naya conversando com o
Márcio como grandes amigos, o Márcio Freire pode confirmar essa história.
Resultado vi como funcionava a política se eu metesse o pau eu era o que estava
perseguindo, mas isso é coisa de política, pois quando assumi a rádio cidade
havia um dossiê contra mim e em um telefonema ao Naya perguntei o que fazer ele
falou você agora esta do meu lado queima tudo e me falou que estava em Santos
Dumont tomando uísque com o Lael Varela, e o povo durante a campanha quase me
matava defendendo cada um dos seus candidatos. Nessa época conheci o então
deputado estadual Bené Guedes e muitos outros políticos inclusive o Dr. José
Roberto que disputou contra o Pachá e a campanha do mesma saia da SAFIRA, do
meu então patrão na época Nei Ribeiro e eu fui o único funcionário que tive
coragem de falar com o Nei que votaria no José Roberto mesmo ele apoiando o
Pachá. Fiquei 4 anos e pouco com o Nei aprendi como funciona uma empresa,
passei momentos delicados na vida com a minha filha que apresentou um problema
de coração e o Nei me chamou e disse: toma aqui o meu talão de cheques assinado
e um motorista vai atrás do que for preciso, nunca poderei agradecer isso. Como
todo ser humano o Nei tem defeitos, mas muita qualidade depois trabalhou na
DAMATA e por não concordar com o que estava acontecendo no seu inicio e parecia
que havia dois grupos o do Nei e do Calil, e eu ficava no meio do tiroteio,
pois achavam que eu por ter vindo do grupo do Nei era inimigo dos Calil, como
sempre fui da seguinte opinião se não estou satisfeito largo tudo, naquela
época ganhava 5 salários, sai da empresa e fiquei 10 anos desempregado. Depois
de anos fui fazer administração e para minha surpresa o Ricardo Calil foi meu
professor e acho que ai ele me conheceu melhor e hoje posso considera ló amigo,
apesar de nunca o ter considerado inimigo. Neste período trabalhei com o Gama
Filho na TV Cidade, trabalhei na Rádio Nova e montei a TV Opção, mas como eram
ilegais foram fechadas, depois de anos o Junior da rádio conseguiu que eu
comprasse um horário de rádio aos domingos na jornal AM e ai participei como
coordenador da campanha do então candidato Bené e por me verem lidando com o
dinheiro da campanha honestamente o Carlos Heleno Torres de Almeida me indicou
para o Rodolpho Lannes, presidente da ACIL para assumir ao SESI. Durante esses
10 anos desempregado fiz alguns trabalhos de pesquisa, de levantamento de bens
patrimoniais com o Marcelo Souza, participei da Campanha Natal sem fome com o
Enéas e depois discordei, pois usou como campanha política. Os 10 anos
sobrevivia com um salário mínimo da minha avó e o meu avó Chiquinho e a Carmosa
passaram a casa que vivo para meu nome em uso e fruto e foi motivo de briga da família
e o que eles haviam criado antes de mim rompeu o relacionamento que durou por
cerca de 10 anos, após a morte do Chiquinho a Carmosa veio a doesse e no final
de sua vida foi triste sofreu de mal de Alzheimer e esqueceu-se de todos,
inclusive de mim, apenas minha esposa que não. Passamos maus moçados, lembro-me
que quando fui para o SESI a Carmosa já havia falecido e eu vivia de filmagens
e a minha esposa fazendo os doces da minha avó, era tudo incerto, neste momento
apareceu um anjo da guarda chamado Laura que nos ajudava no que podia, dando
carinho, atenção a minha filha, presenteando a com brinquedos e roupas as quais
não podíamos por não ter condição, alguns familiares ajudavam como podiam e eu
na semana que fui trabalhar no SESI por não ter roupa adequada comprei 5
camisas de malha para os dias de semana e uma semana após eu assumi minha filha
teve que fazer uma cirurgia cardíaca em São Paulo, pois apesar de tudo desde os
seus nove meses pagamos Unimed para ele sempre preparados para o caso de
necessidade. Durante esses anos de Brahma, desemprego e SESI viveram muitos
desafetos, muitas satisfações, lembro-me quando o prefeito Márcio Freire me
chamou em seu gabinete, quando da época da TV Opção e me deu um valor altíssimo
para pagar um posto de gasolina e disse para mim, isso é para você limpar seu
nome. Lembro-me dele vindo de madrugada socorrer minha avó Carmosa sem cobrar nada,
lembro quando meu avô morreu o Doutor José Roberto esteve comigo dando a
noticia para ela no salão do hospital. Lembro que quando meu avô morreu alguns
parentes da minha esposa e alguns da Carmosa ajudaram nas despesas do velório,
pois não tinha como pagar, lembra que quando a Carmosa morreu um parente
procurou um irmão dela e disse para não ajudar, pois tinha dois vagabundos
dentro de casa e ai a Maria Emília ajudou as economias da poupança antiga que
da minha avó pagaram uma parte e quando fui pagar o resto uma prima da Carmosa,
Martinha pagou tudo e quando cheguei à funerária me entregaram o recibo e
disseram está tudo quitado. Nos anos que passei no SESI, nesses 10 anos sofri
desaforos de associados que não concordavam com o meu procedimento, regras eram
para todos independente de a ou b, e todos têm os mesmos direitos. Sofri 10
auditorias e nada foi provado contra mim, pelo contrário quando um presidente
pensou em me tirar eu avisei ao SESI que deixaria o cargo veio um auditor para
pedir para não me tirarem. A vida é cheia de altos e baixos, nunca me curvei
aos desafios, não guardo mágoas de várias pessoas que cruzaram meu caminho, é
claro que como ser humano nunca esqueço quando fui humilhado, ou pisado, pois
quem bate esquece, mas quem apanha nunca esquece. Mas nestes meus longos anos
de vida, uma única pessoa que nem vou citar aqui o nome eu tenho sim um
ressentimento e já falei e falo para todo mundo que se ele estiver um pouco de
vergonha na cara nunca me cumprimente em público e me esqueça, pois se lembrar
de dólares, telões, reuniões com a ACIL para me tirar, tentativas na FIEMG para
me tirar e por último me tirar àquilo que mais me dava prazer que era fazer o
rádio, comprou a rádio e mandou me dizer que eu não fazia o perfil da mesma.
Essa pessoa espero que viva muito para sentir na pele quem são seus verdadeiros
amigos e para que possa refletir sobre os seus erros e quem sabe ter um
arrependimento, não que o perdoe e que o queira do meu lado, já o perdoei uma
vez quando me procurou, mas voltou a me trair novamente. Falo isso aqui, pois
sou transparente, quanto a ACIL e ao SESI tenho que agradecer aos presidentes,
diretores que confiaram em mim, ao SESI MINAS que sempre me apoiaram e espero
sinceramente que tenha cumprido a minha missão e feito o melhor pela entidade,
sou um ser humano que tenho mais defeitos que qualidade, sou uma pessoa que às
vezes choro sozinho ou por dentro, não sei expressar sentimentos, me tornei
duro e há pouco quando contei para meus irmãos de sangue o que passei durante
os 10 anos eles ficaram assustados, me falaram você nunca reclamou, nunca pediu
ajuda e é verdade, cada um colhe o que merece, acho que os 10 anos que passei
com os meus avós foram para que eu desse valor a eles por terem me criado e
agradeço muito a minha esposa que passou esses apertos ao meu lado, e não tinha
obrigação, pois não eram seus parentes e sei que poderia ter tido uma vida
muito melhor com outra pessoa, sei que nesses quase 25 anos de vida juntos já
fiz sofrer e muito, pois sou uma pessoa difícil e de temperamento explosivo e
falo o que penso sem pensar nas consequências e por isso sei que o futuro será
difícil com a crise e com minha fama, mas ela esteve ao meu lado até agora e
acredito que ficara durante um longo tempo ainda, sei que não sou santo, mas
também não sou um demônio, tenho defeitos por ser humano, a aqueles que um dia
prejudiquei se o fiz foi porque foi preciso, fico feliz quando encontro com ex-colegas
como o Junior que me elogia e olha que devo ter decepcionado ele e muito,
quando encontro um Marcos Marinato que me agradece, um Shalon que também várias
vezes me falou que fui importante para ele, uma Ana Maria que diz que se
aprendeu a trabalhar foi comigo, um Márcio de Castro que tenho pouco contato,
mas que por várias vezes me fez elogios e até quis me ajudar. Enfim agradeço a
todos, sei que não mudarei, sou igual ao escorpião à essência será sempre a
mesma, mas durmo com a consciência tranquila, às vezes a efeito de calmante,
pois sofro com as situações dos outros e me sinto impotente e incapaz em vários
momentos desta jornada. Mas sei que a luta continua e o amanha será difícil,
mas caio e levanto de novo, não tenho dinheiro, não tenho mordomias, mas tenho
um bem que aprendi dignidade e honestidade. Desculpe-me o desabafo.
Coloco aqui uma música do Fábio Junior e troco o nome mulher por vida que é o que sinto.
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