sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Uma mensagem que todos os filhos deveriam assistir e pensar no seu futuro


Quando assisti esse video vi a minha vida passando por isso, pois fui criado desde os 3 anos pelos meus avós, que na realidade não tinham filhos, eram tios de meu pai. Durante anos viveram a vida pensando nos outros, com dificuldades tocaram a vida a Carmosa como doceira, virava a noite para manter a casa e o Chiquinho como lustrador e depois torneiro. Carmosa tinha cursado o terceiro ano primário e sabia fazer conta facilmente, chiquinho ao contrário estudou pouco apesar de ter tido um pai professor. Criaram dois sobrinhos, quantas vezes tiraram a sua economia para ajudar a limpar o nome de alguém que devia na praça, pois Chiquinho dizia: "o nome limpo é a única coisa que o homem tem que ter, pois assim terá crédito!", Carmosa sempre contou com a ajuda de parentes para superar as suas dificuldades financeiras, quantas vezes ficou meses na casa de seu irmão em Ouro Preto enquanto o seu irmão Moacir precisava cuidar da filha que tinha uma doença, anualmente ia a Ouro Preto, a sua sobrinha Maria Emília e seu irmão Moacir pagaram o seu inss e com isso no final da vida teve um salário mínimo para suas despesas quando não pode mais trabalhar, Chiquinho por ter trabalhado na roça conseguiu também um salário no final da vida. Vi eles sofrerem com o afastamento por causa de herança, uma casa simples e que hoje vivo, mas que se alguém fala-se mal dela criava um inimigo, pois foi construída com dificuldades e na época a rua era considerada a zona na época.  Mas quando estavam no final da vida eles não tinham herdeiros e o medo de passar em vida poderiam ser abandonados em um asilo, resistiram e no final foram convencidos, mas na hora h sofreram um baque com palavras curtas e grossas e com isso nem sequer conseguiram assinar a doação, tiveram que colocar o dedo indicador e ter a testemunha. O Chiquinho nunca havia tido uma doença, foi para o hospital e em 15 dias veio a falecer lúcido. Carmosa viveu depois alguns anos, mas o seu motivo de viver o esposo a fez ficar sem motivação, no final ficou dois anos e meio em cima de uma casa, sofreu de Alzheimer e as vezes nem de mim lembrava, mas recordava o passado. Neste período alguns parentes ajudavam com produtos pessoais, financeiramente, duas pessoas como Martinha e Laura, nos socorriam nos momentos mais difíceis e alguns familiares mandavam produtos de longe sempre que podiam. Outros ao contrário sumiram e nos momentos de pequena lucidez Carmosa sempre frisava: ! na vida a gente vale o que tem e se nada tem nada vale!". Um médico que sempre nos ajudou gratuitamente e nos socorria durante a madrugada foi o Dr. Márcio, sei que devo estar esquecendo de algumas pessoas, mas cito aqui as que mais se fizeram presentes. Na época eu vivia de bicos e de filmagens e a minha esposa fazendo doces, quantas e quantas noites acordadas para dar conta para despachar os doces para o Rio e para outros locais. Foram 10 anos que passamos nessa luta e por isso falo hoje sei o porque desse período foi o período que eles dois Chiquinho e Carmosa precisavam mais de ajuda, pois as forças já não eram as mesmas. 
Por isso hoje sempre que posso falo com aqueles que fazem construções (arquitetos) lembre-se que no futuro as pessoas com a idade não podem subir uma simples escada, não podem se segurar no seu próprio banho, são totalmente dependentes e as pessoas que as acompanham tem que ter como resolver isso.. Se a casa for de dois andares construam um quarto e um banheiro no térreo pois no final poderá ser um grande benefício para os idosos, alguns acham que desvaloriza o prédio, mas valoriza a vida.
Me orgulho da minha história, me orgulho dos momentos vividos, as vezes sou pessimista mas isso foi a vida que nos obriga a ser de vez, é uma auto defesa. Agradeço a cada instante o que consegui com honestidade e principalmente por ter vivido os últimos momentos dos dois ao seu lado e tenho certeza que cumpri a minha função, pois quando era criança eles eram jovens e depois de adulto eles se tornaram crianças. Agradeço a minha esposa, que apesar de não ser parente deles aguentou a barra o tempo todo e não os abandonou. Essa é a vida e a gente tem que pensar que ontem foram eles que precisaram e amanha poderá ser um de nós. Por isso assistam o filme e pensem um pouco. As vezes o carinho e a presença são mais importante do que o um conforto em uma casa de repouso ou asilo.
Desculpe se expus alguém ou se expus a história mas acho que é uma lição de vida e não é para me vangloriar, pois fiz o que tinha que ser feito, minha obrigação.                  

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