Carlos Rhienck
Laudo do Lanagro constatou a adição de água, sacarose e cloreto em dois lotes do leite LAC
As informações são do promotor de Justiça da Promotoria de Defesa do Consumidor de Leopoldina, Sérgio Soares da Silveira, a quem coube a decisão de exigir a retirada dos produtos.
Sérgio Soares informou que a legislação concede ao Procon Estadual poder de polícia nestes casos. Um procedimento administrativo já tramita no Procon e as notificação para os fabricantes e para as redes varejistas devem ser expedidas na próxima semana. “Os fabricantes também serão notificados porque estão sujeitos a multas, que ainda terão seus valores calculados”, observou.
Laudo preliminar do Instituto Nacional de Criminalística apontou que as empresas estariam fraudando o leite. Os responsáveis pelos empreendimentos também poderão ser enquadradas no artigo 272 do Código Penal – crime contra a saúde pública – que prevê pena de 4 a 8 anos de detenção. Crimes de ordem econômica também serão investigados, já que podem ser configuradas fraudes contra as relações de consumo.
Ontem, a Polícia Federal e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), com apoio do Lanagro, deflagraram a operação Ouro Branco II nos municípios de Leopoldina e Campo Belo, e cumpriram mandados de busca e apreensão na empresa Nova Mix Comercial e Industrial de Alimentos, que produz o leite da marca Fazenda Mineira, e na Cooperativa dos Produtores de Leite de Leopoldina de Responsabilidade, que detém a marca LAC. As buscas policiais objetivaram tanto a coleta de amostras in loco quanto outras provas referentes a fraudes, inclusive testemunhais.
De acordo com o chefe da delegacia de Crimes Fazendários, delegado Marinho Silva Rezende, no caso do leite LAC também foi constatado nas perícias a adição de material sólido, como soda cáustica. Já no leite longa vida da marca Fazenda Mineira, as perícias indicaram que o produto estaria “batizado” com água. Ambas empresas são associadas do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg). O sindicato informou, por meio de sua assessoria de comunicação, não possuir dados sobre a participação de mercado das marcas. Nenhum diretor foi encontrado para comentar o caso.
O diretor comercial da Nova Mix, fabricante da marca Fazenda Mineira, Maurício Cardoso Franco, confirmou que policiais federais colheram amostras de leite na empresa, mas afirmou desconhecer o laudo que aponta fraudes nos produtos. Na Cooperativa dos produtores de leite de Leopoldina, nenhum diretor ou gerente foi encontrado para conceder entrevistas.
É a segunda fez que a Polícia Federal investiga fraudes na cadeia do leite em Minas. Em 2007, foi deflagrada a operação Ouro Branco I. Na ocasião, foram expedidos 27 mandados de prisão e 22 de busca e apreensão pela Justiça Federal de Uberaba e Passos. As empresas Coopervale e Casmil estavam envolvidas em um esquema fraudulento que “batizava” o leite com soda cáustica.
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